Havia
no Mogo algumas tradições que ajudavam a divertir a juventude.
Uma
delas era o repartir do burro pela altura do Carnaval, mais concretamente no
Domingo gordo.
Juntava-se
um grupo de rapazes que ia para o cimo da cabeça gorda, outro grupo ia para o
lugar da carrola.
Com
o auxilio de uma corneta, que era usada para chamar o pessoal da azeitona uma
vez que ninguém tinha relógio, iniciavam um diálogo entre os dois grupos da
seguinte forma:
-
Ó compadre
-
Qu’é lá?
-
Palhas alhas leva o vento
-
O que é?
-
Vai-se armar um casamento?
-
Quem é?
-
É ..........., com ..........
-
É bem, é bem
-
Então o que lhe havemos dar de dote?
-
A pele do burro para fazer um casaco.
Ouviam-se
muitas gargalhadas dos dois lados.
-
É bem, é bem, é bem.
-
E que fazemos às tripas?
-
Dão-se-lhe para pôr ao pescoço a servir de colar.
-
È bem, é bem...
Novamente
se ouvia grande algazarra.
-
E as ferraduras?
-
Serão para ela por nas orelhas a servirem de brincos
-
É bem, é bem, é bem...
-
E que fazemos às orelhas do burro?
-
Põem-se por cima das dela para ver se aprende melhor.
Vinham
gargalhadas e mais gargalhadas que se ouviam pela aldeia fora.
Com
esta paródia passavam a noite a divertir-se e toda a aldeia se associava a essa
distracção, pois normalmente os casamentos eram arranjados entre uma rapariga
nova e bonita e um velho ou um rapaz mal amanhado ou vice-versa.
Trabalho realizado pelo OTL
2002