08 dezembro 2019

Repartir do Burro

Havia no Mogo algumas tradições que ajudavam a divertir a juventude.
Uma delas era o repartir do burro pela altura do Carnaval, mais concretamente no Domingo gordo.
Juntava-se um grupo de rapazes que ia para o cimo da cabeça gorda, outro grupo ia para o lugar da carrola.
Com o auxilio de uma corneta, que era usada para chamar o pessoal da azeitona uma vez que ninguém tinha relógio, iniciavam um diálogo entre os dois grupos da seguinte forma:
- Ó compadre
- Qu’é lá?
- Palhas alhas leva o vento
- O que é?
- Vai-se armar um casamento?
- Quem é?
- É ..........., com ..........
- É bem, é bem
- Então o que lhe havemos dar de dote?
- A pele do burro para fazer um casaco.
Ouviam-se muitas gargalhadas dos dois lados.
- É bem, é bem, é bem.
- E que fazemos às tripas?
- Dão-se-lhe para pôr ao pescoço a servir de colar.
- È bem, é bem...
Novamente se ouvia grande algazarra.
- E as ferraduras?
- Serão para ela por nas orelhas a servirem de brincos
- É bem, é bem, é bem...
- E que fazemos às orelhas do burro?
- Põem-se por cima das dela para ver se aprende melhor.
Vinham gargalhadas e mais gargalhadas que se ouviam pela aldeia fora.
Com esta paródia passavam a noite a divertir-se e toda a aldeia se associava a essa distracção, pois normalmente os casamentos eram arranjados entre uma rapariga nova e bonita e um velho ou um rapaz mal amanhado ou vice-versa.
Trabalho realizado pelo OTL 2002